O coração da cidade
Carlos Eugênio Simon *
Em todas cidades existem aqueles redutos inesquecíveis, que marcam a memória de seus habitantes através de gerações. Em Porto Alegre um destes locais é o centenário Mercado Público. É para ele que acorrem porto-alegrenses das mais diversas idades e dos mais variados segmentos sociais em busca de produtos da colônia gaúcha, da carne para o churrasco do final de semana ou do peixe da Semana Santa, entre os vários produtos ofertados pelos comerciantes locais.
É também para o Mercado Público que se dirigem os amantes da boa comida e da boa bebida. É famoso o “violento mocotó” do Bar Naval, o bálsamo perfeito para aquecer os dias frios do inverno gaúcho.
De minha parte, sou um freqüen-tador assíduo do Mercado. Não abro mão do hábito de comprar a erva-mate para o chimarrão na Banca 33, do Bigode. Também aprecio, eventualmente, tomar um choppinho no vetusto e amigável Naval, acompanhado de bolinhos de bacalhau, que, como o pastel da Banca 45, são um manjar obrigatório para quem freqüenta estas dependências.
Entendo que mais do que um local de comércio, o Mercado Público é o coração afetivo da capital dos gaúchos. Pulsa nos seus bares e armazéns o coração histórico da cidade, recheado de lembranças e experiências do passado, que reafirmam a nossa identidade cultural e revelam o potencial do que poderemos vir a ser.
O Mercado Público abriga a alma generosa da cidade. Suas paredes são testemunhas silenciosas das mudanças políticas, sociais e culturais que Porto Alegre viven-ciou em mais de 1 século. Não poucas vezes, nas mesas dos seus restaurantes foram discutidos e selados os rumos da nossa política; movimentos culturais nasceram e ganharam asas; canções foram compostas; versos foram escritos; amores foram exaltados; perdas foram choradas.
O Mercado Público ri, chora, ama, odeia, conspira, perde e ganha – assim como seus freqüentadores, assim como a cidade que o abriga.
O Mercado Público vive.
Arbitro FIFA, presidente
Foto: Moacir Sousa
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