Centro Histórico, por Emílio Chagas
Muitos se lembram com nostalgia dos tempos da antiga Praça XV, quando ainda haviam os terminais de ônibus em frente ao Mercado Público e Chalé. Alguns permissionários mais antigos dizem, inclusive, que nesses tempos as vendas eram bem melhores. Mas, aos poucos começaram as modificações no entorno do Mercado e a saída dos ônibus foi uma das principais. Nascia, então, em 1992, o Largo Glênio Peres. O nome é uma homenagem a Glenio Peres, jornalista, compositor, poeta, vereador na capital por 20 anos, vice-prefeito na gestão de Alceu Collares e falecido em 1988.
O Largo foi reservado para manifestações artísticas, culturais e políticas e passou por uma ampla reconstrução. A pavimentação de quase sete mil m² resgata o mesmo desenho que existia em frente da prefeitura na década de 30, ou seja, semelhante a um tapete persa composto por lajotas em basalto cinza e pedras portuguesas, nas cores preto, branco e rosa. Contudo, também não escapou da “praga” do basalto regular que assolou a cidade nos últimos 20 anos. Hoje o Largo já está incorporado na vida de milhares de porto-alegrenses que por ali transitam diariamente. Tornou-se o espaço preferido dos artistas de rua, pregadores evangélicos, desempregados, excluídos sociais, feiras e, nos períodos eleitorais, espaço de agitação e propaganda política, com grandes comícios. Um espaço realmente democrático e plural, mas bastante deteriorado do ponto de vista urbanístico, assim como a Praça XV.

Foto: Arquivo/ JM
O entorno histórico do Largo: Praça XV, Chalé, Abrigo e Prefeitura
Quem passa pelo Largo Glenio Peres respira um pouco da história da cidade. Começa pela Praça XV de Novembro, uma das mais antigas e tradicionais de Porto Alegre. O primeiro projeto na área surgiu no início do século XIX, quando delimitou-se um largo à beira do Guaíba, chamado informalmente de Praça do Paraíso. Logo o local tornou-se ponto de comércio ambulante, com quitandas, bancas de peixe, etc. E por volta de 1820 chegou a ser um dos locais de depósito de lixo da cidade.
Na praça também foi construído o primeiro Mercado Público de Porto Alegre, em 1844, sendo os arredores, um lodaçal. As obras de urbanização começaram em função deste primeiro Mercado. A urbanização definitiva só se daria após 1869, quando o primeiro Mercado foi demolido e transferido para um pouco mais adiante, deixando seu espaço vago. Mais tarde a então Praça do Paraíso passou a ser Praça Conde D’Eu. Passou por inúmeras intervenções e em 1885 foi erguido o primeiro chalé para venda de sorvetes. Em 11 de dezembro de 1889 sua denominação passou, finalmente a ser Praça XV de Novembro, que permanece até hoje.
O antigo chalé foi substituído por um novo em 1911, o tradicional Chalé da Praça XV. Em 1929 surgiu o primeiro abrigo coberto para bondes, no lado da rua Dr. José Montaury, servindo atualmente para comércio e lancherias. Na Praça, onde hoje funciona um parquímetro, deverão ocorrer grandes mudanças, como rebaixamento do piso, paisagismo e ampliação do próprio Chalé. Outras referências históricas são o prédio do Paço Municipal, inaugurado em 1901 e tombado em 1979 pelo patrimônio histórico. E, claro, o próprio Mercado Público.
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